sábado, 29 de setembro de 2007

Meu carinho e meus agradecimentos a :

Meu pai, passarinho assoviador, grande
inspirador musical com seus boleros e tangos.
Me aplicou Chico Buarque quando ainda era pequeno;
Meu primo Nivota, primeiro professor de violão;
Meu tio Babucho, mestre no violão e no cavaquim;
Meu tio João de Vina, com o triste e belo som de seu
bandolim nas tardes mornas de Alvinópolis;
Ao meu tio Tutúia, cronner e cantor de baiões e boleros
nos infindáveis bailes da vida;
A todas as moças que acenderam as luzes;
As minhas musas, Maria Emília e Rísia, que hoje ouvem serenatas dentro de casa;
A minha mãe, que soube respeitar a arte em mim;
Aos meus irmãos, que sempre me apoiaram;
Aos parentes italianos, que me ensinaram a amar a vida e a liberdade;
Aos parceiros cantores e seus gogós de ouro;
Aos fabricantes de vinho, pelo combustível;
A Deus, amém...

Este CD foi inspirado no clima das serenatas, essa tão gostosa tradição de Minas.

Espero que vocês gostem.

Sou Marcos Martino, compositor, produtor musical, cantor,
roqueiro, mpbeiro e serenateiro

sábado, 22 de setembro de 2007

A CAPA

Sempre gostei muito dos trabalhos do Ângelo, principalmente quando ele parte para a abstração. Ele tem umas idéias muito interessantes. Por exemplo: a lua da capa do CD ele fotografou lá em Catas Altas, numa noite de eclipse. Na arte utilizou silhuetas de seresteiros que ficaram meio fantasmagóricas, mas afinal de contas, os seresteiros são meio fantasmas mesmo . Ao fundo, uma imagem de mulher das estrelas, afinal, as mulheres são mesmo a razão de ser das serenatas. No rótulo, apenas a lua no céu ao fundo na noite escura, com a silhueta de duas casas e nomes das músicas. Eu até já gostava da primeira arte, onde as pessoas desfilavam num chão psicodélico, alaranjado, mas o Angelo veio com a idéia de um clima de cerração, de neblina e tem muito mais a ver com o clima. O que vocês acham?

ARTESANAL

Trata-se de um CD feito de forma totalmente artesanal. Gravei todos os violões e vozes, em meu estúdio próprio. Estava até pensando em criar um selo fictício chamado QUITANDA RECORDS para carimbar o trabalho, criar uma grife. Imaginei até uma marquinha que parecesse um biscoito mordido, formando a letra Q. Porém, fiz uma enquete e já me disseram que também poderia soar pejorativo, negativo. Então, vou retornar a um projeto anterior de criar a NAV RECORDS, um selo capaz de congregar meus diversos trabalhos e até de outros artistas afins.

AS MÚSICAS DO CD

Nas madrugadas em Alvinópolis, era uma delicia cantar, sair pela noite, um bando de gente, tomando vinho, vários violões, num frio de matar.É esse o clima que amarra as canções do CD serenata, onde cabe romantismo, algum lirismo, lembranças, quase todas as canções acompanhadas apenas ao violão, o que destaca as letras e as canções em si.Cada música tem sua história, a maioria delas passadas em Alvinópolis. E eu, que nunca saí da aldeia, volto a freqüentá-la...

1 - A ALMA DA CIDADE

A primeira canção, a alma da cidade, é uma serenata para Alvinópolis. Numa madrugada, após fazermos umas serenatas, fomos tocar violão no alto da torre de televisão. Tínhamos uma garrafa de vinho e ficamos ali em cima olhando à noite estrelada. Eu ficava pensando comigo : puxa ... parece que as montanhas tem um halo azul escuro, como se tivessem alma. A música saiu inteira, como se fosse psicografada.

2 – DO OUTRO LADO DO ESPELHO.

Eu já tinha pronta uma versão dessa música, brilhantemente arranjada pelo Rodolfo Mendes, parceiro de grande talento. Porém, quando da audição, meu amigo Ângelo me alertou que a música estava destoando do resto do disco, que era totalmente artesanal. Foi uma canção que me rendeu muitos prêmios, muitas alegrias, foi gravada já algumas vezes e sempre tem alguém me consultando, querendo gravar.

3 – SERENATA

É a música que dá título ao disco. Retrata o próprio cantor apaixonado cantando debaixo da janela da amada, confessando seu tímido amor através da música. Pra mim também tem grande valor sentimental, por ser a música preferida da minha mãe.

4 – FIDELIDADE

A fidelidade é o desejável, o que todos buscam no amor. Difícil de conseguir, pois a vida humana é cheia de fraquezas, de tentações, mas é o que todo mundo quer no outro. Fidelidade é um bolero em que uma pessoa se confessa fiel por que o outro lhe basta. Uma boa canção para ser cantada numa serenata. Fidelidade todo mundo quer.

5 – VIOLÃO INOCENTE

Certa noite, estávamos na praça do gaspar quando de repente chegou a polícia. Nossos homens da lei eram até tranqüilos, muitas vezes passavam e viam que a gente não tava fazendo bagunça pra incomodar, éramos bem afinados. Só que nessa noite um deles estava mais nervoso e ameaçou levar o violão. Foi nessa hora que a canção nasceu. Mas só ouvindo pra entender.

6 – OS HERÓIS DA SERENATA

Tinha de ser mesmo herói pra sair nas noites frias de julho tocando na madrugada. Mas era muito divertido, havia uma turma muito assídua e costumavam rolar salgadinhos nas janelas das meninas, vinhos, as vezes uma caninha boa. Mas o que inspirou a música foram duas meninas de BH. Fizemos serenata pra elas, que no outro dia tiraram onda com a gente, dizendo que esse negócio de serenata era coisa de antigos, caretice. Elas eram roqueiras, metaleiras. Na hora, a valsa pintou inteira na minha cabeça. Na época eu só gostava de mpb . Não gostava de Rock. Que ironia, né...

7 – CIÚME

Um samba influenciado pelos violões dos seresteiros . Tive a oportunidade de ouvir meu tio Babucho tocando violão. Era ótimo no cavaquinho, mas também era muito bom com 6 cordas, harmonizava de um jeito diferente.

8 – NATUREZA HUMANA

Essa canção fazia parte do repertório do Verde Terra, mas sempre tocávamos também nas serenatas. Não, debaixo das janelas das meninas, mas enquanto caminhávamos pelas ruas ou parávamos em pontos estratégicos para tomar um pouco de vinho. Sempre cantávamos algumas canções politizadas, Vandré, Milton, Chico e várias do Verde Terra.

9 – CAIXINHA DE MÚSICAS

Essa música foi inspirada num grupo de danças que existia em Alvinópolis, coordenado pela Mônica, que hoje trabalha na comunicação da Bio Extratus. Mônica conseguiu criar, durante algum tempo, uma cultura da dança entre a juventude de Alvinópolis. Fiz essa música após assistir a uma das suas coreografias.

10 - A MOÇA QUE EU AMO

Única música do CD que tem outro instrumento que não apenas o violão. Trata-se de um baiãozinho, tocado apenas ao violão e pandeiro, sem dúvida influência direta do meu tio, Tutúia, grande cantador de baiões. A letra é uma declaração de amor à pessoa que está comigo, que me agüenta com todos os meus defeitos, que tem sabedoria para desentortar meus caminhos, que só me ensina nessa vida, que me deu uma filha linda, minha sócia de vida, minha amada.

11 – TEMPOS DIFÍCEIS

Uma canção composta já em Belo Horizonte, quando morada na República dos Anjos, na Pedro II, 533 Apto 11. A música foi inspirada numa amiga, cujo namorado dava bolo direto, sumia na sexta à noite e só aparecia no domingo, sempre com uma desculpa. Ela as vezes ficava e casa, remoendo, as vezes acabava saindo sozinha, não ficava com ninguém, mas sempre com a sensação de que estava sendo traída. Esse é o clima da canção. Situação que acontece com muita gente.

12– VALE ENCANTADO

Eu que saí de Alvinópolis, uma cidade cercada de verde, de montanhas, de natureza não imaginava que viria parar em Belo Horizonte e me casar com uma pessoa que tem uma família enorme e um sitio na região de Betim, mais precisamente no distrito de VIANÓPOLIS. Parece Alvinópolis né? Pois é. Pertinho de Vianópolis, a família de minha esposa tem umas terras que ficam num vale verdejante. Ali, onde a maioria dos irmãos da minha esposa já tinham suas casas, também construímos a nossa. É um local mágico, com tucanos, passarinhos de todo tipo, micos, esquilos, bois, cavalos, cachorros e pessoas vivem de forma harmoniosa. Porém, o grande barato é que o povo adora cantar, beber, comer bem e festejar o bom da vida. Um paraíso na terra.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007